quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Ressurreição de Jesus de Nazaré I

A Ressurreição de Jesus de Nazaré como

Acontecimento Histórico

Prof.D.F.Izidro

         É possível falar na Ressurreição de Jesus como um legítimo acontecimento no tempo-espaço, a saber, como um acontecimento histórico?
         Se nos concentrarmos tão somente nas evidências pertinentes à morte de Jesus de Nazaré, encontraremos fatos históricos acontecidos no tempo-espaço do I século d.C., os quais levam a conclusão lógica e plausível de sua ressurreição como algo que se deu no tempo e no espaço.
         Se ainda assim raciocinarmos em termos de evidências históricas, sem preconceituarmos sobre improbabilidade de um acontecimento sobrenatural, encontraremos na Ressurreição de Jesus de Nazaré a melhor solução-explicação histórica para as origens do cristianismo primitivo.
         Em outras palavras, a Ressurreição de Jesus, se demonstrada por fontes, fatos e evidências históricas, não deve ser descartada como explicação-solução histórica simples e exclusivamente pelo fato de ser um fenômeno sobre-humano;
         Se estamos falando em História, estamos falando em método, fontes e evidências, e essas, como veremos nesse curso, apontam para a conclusão histórica do fato da ressurreição de Jesus de Nazaré,como a melhor explicação para os problemas históricos relacionados à morte-sepultamento de Jesus e a paradoxal origem do cristianismo primitivo, mesmo que não possamos compreender ou mesmo explicar tal fenômeno extra-ordinário.
         Apreciemos a declaração de eminentes estudiosos sobre o caráter histórico da questão da ressurreição de Jesus:[1]
         O estudioso britânico do Novo Testamento, C.H.Dodd: "a ressurreição permanece sendo um acontecimento dentro da história...".
         Wolfhart Pannenberg, professor de Teologia Sistemática na Universidade de Munique, Alemanha; foi aluno de Karl Barth e de Jaspers; tem se preocupado principalmente com as questões da relação entre fé e história:

“Se a ressurreição de Jesus aconteceu ou não é uma questão da história, e a essa altura é impossível fugir a essa questão. De modo que se deve discutir e decidir sobre o assunto em nível histórico.”

         Assim, tanto a pesquisa dessa matéria, quanto a conclusão final por sua validação podem e devem ser considerados de natureza histórica, uma vez que lidam com metodologia histórica, fontes e evidências no tempo e espaço.
         Joseph Ratzinger,o Papa Bento XVI,teólogo alemão e estudioso de Cristologia, também faz importantes reflexões sobre a questão da natureza histórica da ressurreição de Jesus:[2]
“A ressurreição é um acontecimento dentro da história que, todavia, rompe o âmbito da história e a ultrapassa.”

“A ressurreição descerra o espaço novo que abre a história para além de si mesma e cria o definitivo. Nesse sentido, é verdade que a ressurreição não é um acontecimento histórico do mesmo gênero que o nascimento ou a crucifixão de Jesus. É algo novo, um gênero novo de acontecimento.”

“Ao mesmo tempo, porém, é preciso não esquecer que ela não está simplesmente fora ou acima da história. Como erupção para fora da história e para além dela, a ressurreição tem, contudo, o seu início na própria história e até certo ponto pertence a ela. Talvez se pudesse exprimir tudo isso assim: a ressurreição de Jesus ultrapassa a história,mas deixou o seu rastro na história. Por isso pode ser atestada por testemunhas como um acontecimento de qualidade completamente nova.”
         Ratzinger também partilha da idéia de que a melhor explicação histórica para os inícios da fé cristã é a ressurreição de Jesus:

“De fato, o anúncio apostólico, com o seu entusiasmo e a sua audácia, é inconcebível sem um contato real das testemunhas com o fenômeno totalmente novo e inesperado que os tocava externamente, e que consistia no manifestar-se e no falar de Cristo ressuscitado. Só um acontecimento real de uma qualidade radicalmente nova seria capaz de tornar possível o anúncio apostólico, que não se pode explicar através de especulações ou experiências interiores, místicas. Na sua audácia e novidade, o referido anúncio ganha vida da força impetuosa de um acontecimento que ninguém tinha ideado e que ultrapassava toda a imaginação.”

“Se ouvirmos as testemunhas com coração atento e nos abrirmos aos sinais com que o Senhor não cessa de autenticar as Suas testemunhas e de atestar-Se a Si mesmo, então saberemos que Ele verdadeiramente ressuscitou; Ele é o vivente. A Ele nos entregamos, sabemos que assim caminhamos pela estrada justa. Como Tomé [...] professemos: ‘Meu Senhor e meu Deus!’ (Jo 20,28)”




[1] As citações que seguem foram extraídas de MCDOWELL, Josh.A Ressurreição – Fraude ou História?. In: MCDOWELL, Josh.Evidência que exige um veredito : evidências históricas da fé cristã. São Paulo: Editora Candeia,1996.pgs.162-227.
[2] Todas as citações de Joseph Ratzinger nesse texto foram extraídas de RATZINGER,Joseph.[Bento XVI].A Natureza da Ressurreição e seu Significado histórico.IN: RATZINGER, Joseph.Jesus de Nazaré:Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição.São Paulo:Editora Planeta, 2011.pgs.243-247.


Nenhum comentário:

Postar um comentário