segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Teoria da História

Teoria, História, Nova História e
Complexidades na Busca pelo Passado

D.F.Izidro


         Segundo o estadista romano Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.), pertence a Heródoto de Halicarnasso (484-420 a.C.) a paternidade da História – ele é o pai da História. De fato, ele foi o primeiro a empregar o termo grego istoria (historia [História]) com referência a esse tipo de investigação ou pesquisa do acontecimento passado.

         Heródoto, em seu relato dos conflitos Médicos, se preocupou em preservar os acontecimentos e descrevê-los racional e agradavelmente aos seus contemporâneos, tudo com base no testemunho supremo da oralidade (DOSSE,2003,16). O desenvolvimento da historiografia segue com Tucídides (460-400 a.C.), em sua História da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.); Tucídides busca refinamento metodológico e contesta a historiografia de seu antecessor, Heródoto, classificando-a como mítica (DOSSE,2003,20). Tucídides supervaloriza a história contemporânea, o testemunho dos fatos, e busca a objetividade dos fatos históricos e de suas causas. 

         Estes dois são, seguramente, os principais predecessores da operação histórica; a partir deles se buscou investigar e registrar o acontecimento passado, interpretando suas causas a partir de diversos pontos de vista, ou quadros teóricos, conforme a época e o contexto dos historiadores. Todo esforço historiográfico fora motivado, dentre outras coisas, pela possibilidade de acessar o passado e explicar suas causas, conseqüências e lições (DOSSE,2003,48-49),através de um método correto, através da crítica de fontes e recursos afins. O passado, contudo, não é assim tão simples e seu acesso por demais complicado, não obstante o desejo e programa positivista e metódico, dos séculos XIX e XX.

          Sobre a complexidade do trabalho historiográfico, assim se pronuncia Margareth Rago (apud FUNARI,2008,11):

 “Já faz algum tempo que os historiadores perceberam as dificuldades do seu ofício, não apenas pelos obstáculos de acesso aos documentos, mas porque sua atividade não é neutra e nem o passado existe como coisa organizada e pronta, à espera de ser desvelado. O historiador produz o passado de que fala a partir das fontes documentais que seleciona e recorta, compõe uma trama dentre várias outras possíveis e constrói uma interpretação do acontecimento. Há múltiplas histórias a serem contadas já que os grupos sociais, étnicos, sexuais, generacionais, de baixo ou de cima, se constituem de maneiras diversas, mas têm diferentes modos de narrá-las. A História pode mostrar formas diferentes de pensar, de organizar a vida,de problematizar,vivenciadas por outras sociedades,em outros momentos históricos.” 

          A consciência e admissão do caráter subjetivo e limitado da ciência histórica,bem como a ampliação de seus campos de estudo, encontrou sua maior expressão sob os influxos da escola francesa de historiografia denominada Annales,[1] fundada em 1929, por Lucien Fébvre e Marc Bloch[2].
          A Escola dos Annales é comumente dividida em três gerações: a primeira representada por Lucien Fébvre e Marc Bloch[3]; a segunda representada por Fernand Braudel e a terceira por Georges Duby, Jacques Le Goff, Emmanuel Le Roy Ladurie e outros.

          A epistemologia historiográfica dos Annales já punha em xeque a esperança positivista e metódica da objetividade na operação histórica, mas foi a terceira geração dessa escola histórica, a chamada História Nova, que a acentuou; não há como falar do que aconteceu de fato sem fazer referência ao sujeito do conhecimento (FUNARI,2008,76).

          Não obstante, tais críticas à História tradicional e as ampliações de seus estudos,bem como aperfeiçoamentos em sua epistemologia, já haviam sido apontados por outros historiadores mesmo antes do surgimento da Escola dos Annales.[4] Na verdade, historiadores dos séculos XVIII e XIX, como Legrand d’Aussy e Michelet já se ocupavam com a história social dos costumes dos franceses e das mentalidades, uma história de abordagem cultural, mais ampla, porém ignorada pela história factual que focava apenas nos (grandes) acontecimentos.

          Legrand d’Aussy, em 1782, demonstra sua insatisfação com a história – factualista - que se praticava na época, algo essencialmente político e voltado apenas para os grandes acontecimentos,para os feitos dos reis,generais e grandes homens. Em sua “História da Vida Privada dos Franceses”, ele faz a seguinte crítica a esse tipo de história:

“Obrigado, pelos grandes acontecimentos que deve contar, a estudar o que não se oferece a ele com certa importância, ele só admite na cena os reis, os ministros, os generais de exército e toda aquela classe de homens famosos cujos talentos ou erros, esforços ou intrigas produziram a infelicidade ou a prosperidade do Estado. No entanto, o burguês em sua cidade, o camponês em sua choupana, o gentil-homem em seu castelo, o francês,enfim, no meio de seus trabalhos, de seus prazeres, no seio de sua família e de seus filhos, eis o que não nos pode representar”
.
         Outro importante precursor e influenciador da Escola dos Annales,e também do que ficaria conhecido depois como Nova História Cultural, é Michelet,no século XIX. Diante de uma História positivista inspirada metodologicamente nas ciencias experimentais,tendo por elemento fundamental o fato ou acontecimento histórico,Michelet surgiu buscando outros paradigmas de explicação da sociedade – a  história da moda alimentar,da sensibilidade,do comportamento das elites francesas no século XVIII,das mentalidades,em outras palavras,uma história etnológica e/ou antropológica.

         Segundo Jacques Le Goff (apud LIMA),
"Lucien Febvre ontem, um Fernand Braudel hoje, que primeiro viram em Michelet o pai da história nova, da história total que quer abarcar o passado em toda a sua totalidade, desde a cultura material até às mentalidades".

          Os fundadores da Escola dos Annales, Marc Bloch e Lucien Fébvre,portanto,se inspiraram nesses historiadores e,assim,no final dos anos 20, na França,iniciaram uma escola historiográfica que,por sua vez,também influenciaria outros historiadores.

          O caráter subjetivo da operação histórica pode ser demonstrado em sua relação com o tempo presente – “Toda história é contemporânea”. Segundo o filósofo italiano Benedetto Croce (1866-1952), autor dessa frase, o passado só existe hoje - na mente do historiador; o que passou não pode voltar mais, a não ser pelas vias do tempo presente; só podemos acessar o passado através dos parâmetros de nossa própria época (FUNARI, 2008,77).

          Segundo Roger Collinwood (apud FUNARI, 2008,77), “Já que o passado em si não é nada, o conhecimento do passado em si não é, nem pode ser, o objetivo do historiador. Sua meta, como de qualquer ser pensante,é o conhecimento do presente...”. A primeira geração dos Annales (1929-1945), trouxe, através de seus fundadores Fébvre e Bloch, importantes contribuições sobre a natureza da operação histórica nesse sentido. Compreendeu-se que a história e o passado não são sinonímicos, isto é, passado e história não são a mesma coisa, são, na verdade, construções dos historiadores mesmos.

         O presente é o lugar da problematização e origem do empreendimento historiográfico, o qual, por isso, determina tudo o mais na pesquisa. Marc Bloch acentua que o passado é imutável, mas o conhecimento dele está em constante progresso (apud FUNARI, 2008,61).

         Em sua definição do termo “Teoria da História”, Funari e Glaydson demonstram também o caráter subjetivo da História: “Teoria” está relacionado ao verbo grego Theáomai, enxergar, e Thea, vista, sendo, então,uma visão,um ponto de vista; “História” originalmente significa investigação ou  pesquisa,observação - definição também de caráter subjetivo.

         A própria Teoria da História, portanto, é também subjetiva (FUNARI, 2008,14). A disciplina histórica, como observa François Dosse (DOSSE, 2003,7), é conhecimento indireto - só chega até nós por meio de vestígios, na busca de preencher uma ausência.

         Mas a descoberta do caráter subjetivo da História não é a única grande conquista na história de sua disciplina e prática. A História foi problematizada, isto é, admitiu-se com Fébvre que o problema está na base da História, não há História sem problema, sem formulação de hipóteses[5]; o problema deve estar no começo e no fim da História (FUNARI, 2008,59).

          A descoberta do homem por detrás da História também é outra grande conquista - algo que antropologizou a História. O objetivo final da História é alcançar o homem, o humano do passado, e/ou do presente, através de um estudo das coisas, mas tendo em vista as pessoas. O historiador tem a tarefa analógica de “farejar carne humana”, como dizia Marc Bloch[6] (apud FUNARI, 2008,59).

          Foi nas décadas de 70 e 80 que se deu a chamada “virada antropológica” no fazer história. Reconheceu-se a referida contribuição da antropologia para os estudos históricos, surgindo assim a denominada “História antropológica. A aproximação da história com a antropologia ampliou grandemente seu campo de estudos. Essa tal “virada antropológica” surgiu como uma reação à história quantitativa e segundo Peter Burke (apud LIMA), esse movimento "pode ser descrito, com mais exatidão, como uma mudança em direção à antropologia cultural ou 'simbólica”.

          Teve início um intensto diálogo entre historiadores e antropólogos. Antropólogos como Pierre Bourdieu, Michel de Certeau, Erving Goffman e Victor Turner influenciaram grandemente as pesquisas de historiadores das décadas de 70 e 80. Foram incorporadas à história as idéias da "nova antropologia simbólica", com o fim de tornar a história mais antropológica. Novas temáticas e uma apreensão do simbólico por parte do historiador também foram acrescentadas ao trabalho histórico.

          Temas como o medo, o corpo, a morte, a loucura, o clima, a feminilidade, entre outros, tornaram-se objetos de estudo do novo historiador, algo incogitável na perspectiva da história tradicional. A perspectiva cultural encontrou seu lugar no fazer e saber historiográfico.

         Sobre isso pontua Peter Burke (apud LIMA):
“O que era previamente considerado imutável é agora encarado como uma 'construção cultural', sujeita a variações, tanto no tempo como no espaço [...]. A base filosófica da nova história é a idéia de que a realidade é social ou culturalmente constituída. O compartilhar dessa idéia, ou sua suposição, por muitos historiadores sociais e antropólogos sociais, ajuda a explicar a recente convergência entre essas duas disciplinas”.

          Nessa “história antropologizada” também se tornou premente ao historiador,como já referido,a questão do simbólico. É especialmente a apreensão do simbólico o principal eixo em torno do qual se dá esse diálogo interdisciplinar entre a história e a antropologia. Conforme Geovanni Levi, "O historiador não está simplesmente preocupado com a interpretação dos significados, mas antes em definir as ambigüidades do mundo simbólico" (apud LIMA).

          Sobre o problema de uma suposta perda de identidade por parte do historiador nesse diálogo com a antropologia, Euges Lima assinala: “ao historiador cabe agir de forma interdisciplinar, sem, contudo, perder de vista sua perspectiva histórica e resolver historicamente aquilo em que a antropologia não pode avançar, ou seja, analisar a história a partir de uma visão antropológica sim, porém, a partir de uma adesão crítica.” (LIMA)

         A importância do recurso Interdisciplinar, não obstante precedentes de seu uso, também fora uma importante herança dos Annales[7] à historiografia. Lucien Fébvre acreditava ser a especialização “o grande flagelo das ciências”, pois isolada, a história não pode ter mais que um conhecimento parcial de seu objeto (FUNARI,2008,60). 

         Não obstante a complexidade já demonstrada pelas primeiras gerações da Escola dos Annales no trabalho Histórico, uma nova situação emergiu como resultado dos efeitos destas descobertas sobre a disciplina e da crise paradigmática que cercavam as ciências sociais, na segunda metade do século XX.

         A denominada Nova História, terceira geração dos Annales, surgiu como uma nova e/ou complementar epistemologia da História devido o surgimento de novas realidades e desafios: novos problemas, novas abordagens, novos objetos; “o que foi, e o que ainda é, quanto a suas idéias principais, seus objetivos, seu território intelectual e científico, suas realizações, a história que foi chamada ‘nova’” (Le Goff apud FUNARI, 2008,70).

          Ampliam-se os temas de pesquisa e o recurso a interdisciplinaridade no trabalho da História. Como já referido, agora se dá atenção a temas antes marginais como morte, doença, alimentação, sexualidade, família, loucura, bruxaria, clima, etc.,numa passagem,já sugerida por Lucien Fébvre,do quase exclusivamente socioeconômico[8] e demográfico a uma história mais antropológica,que valorizava até as mentalidades (FUNARI,2008,71). 

          A terceira geração dos Annales também privilegiou as chamadas “voltas” ou retornos do acontecimento, da narrativa, da biografia, da história política, etc., mas sob renovada problemática historiográfica (FUNARI,2008,74). 

          A “verdade” como busca objetiva da história e o caráter subjetivo desse empreendimento historiográfico é profundamente discutido e refletido em François Dosse (2008,13-46). A busca da verdade estava relacionada à lenta ruptura, a partir de Heródoto, da História em relação à literatura. Não são mais os personagens mitológicos a contar o passado; Heródoto busca investigar racionalmente a verdade do acontecimento; ele também inova dando atenção histórica a tudo o que os homens,de modo geral,realizaram,sem preferência à memória das grandes façanhas,como era típico;agora o mestre da verdade é o que está ausente da história,não seu ator - é o próprio historiador   (DOSSE,2003,13-15). 

          Não obstante, porém, o interesse de Heródoto pela verdade, ele será considerado, por muito tempo, como um mentiroso, como a principal expressão dessa acusação em Plutarco, no século I d.C., pode testemunhar. Uma defesa do pai da História é feita no século XVI por Henri Estienne,  mas após nova suspeita sobre as fontes orais de Heródoto,no século XIX,é                        François Hartog quem destaca o caráter paradoxal do trabalho de Heródoto, como Pai da História, logo, da verdade, e ao mesmo tempo pai de mentiras. Trata-se da ambivalência do discurso histórico, agora reconhecido, entre o real e a ficção em História (DOSSE,2003,19). 

          Ainda com o advento da Escola dos Annales, em suas respectivas gerações,e os questionamentos e redirecionamento epistemológico que propiciou à operação histórica,até mesmo a relação entre História e Cultura Material foi desenvolvido e enfatizado. Sentiu-se, mais do que nunca, a necessidade de fazer “conexões” com a cultura material, admitindo-se, dentre outras coisas, que a História precisa ampliar cada vez mais seu campo de atuação. Os Artefatos, por exemplo, são indicativos, direcionadores e mediadores de relações sociais (FUNARI, 2006:33), portanto uma importante fonte para historiadores. 

          O estudo da cultura material também possibilita ao historiador o acesso a antigas civilizações sem escrita, como os povos pré-históricos, ou cuja escrita ainda não pudera ser decifrada. No que diz respeito à objetividade das fontes para a reconstrução do passado, a cultura material também parece favorecer mais o historiador, pois seus vestígios materiais são involuntários e não-ideológicos, diferentemente das fontes documentais escritas. .Devido a própria natureza de suas fontes, a Arqueologia transcende a História tradicional pautada apenas em fontes escritas de viés de classe, acessando assim temas ausentes ou ignorados pela documentação escrita e que são próprios da vida cotidiana. Isso conecta ainda mais a História à Antropologia Cultural, portanto. 

          As fontes escritas excluem tais assuntos da vida cotidiana por subestimá-los e considerá-los supérfluos. Aqueles que desejarem empreender uma pesquisa histórica sobre segmentos sociais marginalizados ou pouco conhecidos poderão se utilizar amplamente de fontes arqueológicas, isto é, de cultura material afim. 

          Historiadores antigos como Heródoto e Tucídides, por exemplo, também não se limitaram às fontes escritas, antes se valeram do que hoje nós chamaríamos de fontes arqueológicas. Portanto, não obstante a origem filológica e conseqüente ligação da História com documentos escritos tem sido possível demonstrar que História não se faz apenas com documentos escritos, como se supunha no século XIX.

         Mas foi também a partir do século XIX que se percebeu o valor da cultura material como fonte histórica. Desde então, mesmo as civilizações cuja história nos chegara através de várias obras literárias foram estudadas também a partir das descobertas arqueológicas ou de evidências materiais, tais como o Egito e a Roma Antiga. Portanto, a História e a Arqueologia, no que diz respeito às fontes escritas e materiais, respectivamente, relacionam-se, contribuem-se e complementam-se grandemente. 

         Como se pode ver, o trabalho histórico se tornou muito mais complexo, amplo e subjetivo, cheio de desafios e novas abordagens. A realidade em nossa volta, objeto de várias disciplinas científicas, tornou-se mais complexa e inusitada, conforme nos foi ilustrado, por exemplo, pelos horrores da II Grande Guerra Mundial, a qual também colocou em dúvida nossa fé na ciência e no resultante pré-concebido progresso da humanidade. Tivemos, de fato, que ajustar nossa epistemologia para poder assim dar conta do novo mundo e nova realidade diante de nós. 

          O diálogo interdisciplinar se tornou uma palavra de ordem, mais do que o mero contato com “ciências auxiliares” da história. A História teve de receber e aceitar influxos imprescindíveis oriundos das Ciências Sociais[9], da filosofia, da lingüística e, especialmente, da antropologia (FUNARI, 2008,75).  

          A História Nova está aí, diante de nós, com novas demandas, novas problematizações, o que requer nossa atenção e abordagem crítica, até mesmo discursiva, nessa infinita “construção” e “reconstrução” do acontecimento passado.

Referências Bibliográficas

BLOCH,Marc.Apologia para La Historia o El Oficio de Historiador. 2.ed. Mexico: Fondo de Cultura Económica,2001
COLLARES,Marcos Antonio Correa.Verdade e Memória nos Discursos da História.Liber Intellectus,Ano 2,Vol.1,nº 3,julho de 2008.Disponível em: <http:// www.liberintellectus.org/ ensaios.html>.Acesso em:26 marc.2009.
DOSSE,François.A História.São Paulo:EDUSC,2003
FUNARI,Pedro Paulo A.Arqueologia.2.ed.São Paulo:Contexto,2006
FUNARI,Pedro Paulo A.;GLAYDSON,José da Silva..Teoria da História.São Paulo:Brasiliense,2008
JENKINS,Keith.A História Repensada.Trad.de Mário Vilela.São Paulo, Ed. Contexto,2001.
Le GOFF,Jacques.A História Nova.4.ed.São Paulo:Martins Fontes,1998
LIMA,Euges.História e Antropologia,uma aproximação profícua. Disponível em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=980 . Acesso em: 22 dez.2010.
NAVEIRA,Olívia Pavani.Os Annales e as suas Influências com as Ciências Sociais.Klepsidra – Revista Virtual de História.Disponível em: http://www.klepsidra.net/klepsidra16/annales.pdf . Acesso em: 19 out.2010.
PESAVENTO,Sandra Jatahy.História & História Cultural.2.ed.Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
QUADROS,Eduardo Gusmão de.Quando Clio se Apaixonou por Hermes: Paul Ricouer e as Práticas Historiográficas.Liber Intellectus,v.1,nº 1,junho de 2007.Disponível em: <http:// www.liberintellectus.org/artigosn1.html>.Acesso em:24 marc.2009.






[1] “Annales d’histoire économique et sociale” é o nome da revista francesa que consagrou a designação dessa escola francesa de historiografia. Não obstante a designação tradicional de “Escola” a esse movimento iniciado com as publicações de Marc Bloch e Lucien Fébvre na França,na década de 20, essa sua categorização escolar têm sido objetada por quem acredita não ter sido o movimento dos Annales tão monolítico em relação à um paradigma como é típico de uma verdadeira “Escola”. Conforme NAVEIRA, há certa unidade no movimento,mas não homogeneidade. Os Annales,então,deveriam ser entendidos apenas como um movimento que não se restringe paradigmaticamente ao conteúdo das publicações da revista dos “Annales d’histoire économique et sociale”. Cf. NAVEIRA,Olívia Pavani,Os Annales e as suas Influências com as Ciências Sociais,p.1.
[2] Marc Bloch nasceu na França,em 1886,e morreu em 1944 fuzilado pelos nazistas,tendo participado da Primeira Guerrra Mundial,entre 1914 e 1918. Seu engajamento político é indubitável. Bloch também foi considerado o pai da antropologia histórica, pois fez história sobre o poder de cura dos reis da França e da Inglaterra. Cf.NAVEIRA,op.cit.,p.6.
[3] Foram, sem dúvida, os trabalhos publicados de Bloch e Fébvre responsáveis pela divulgação inicial do movimento historiográfico francês e por seu reconhecimento internacional. O movimento da Escola dos Annales, não obstante,sofreria reformulações ulteriormente através de suas gerações.
[4] Sociólogos do início do século XX,como François e Simiand, também já refletiam sobre a História e seu método. Este último, durkheimiano, criticara em sua época a História denominada positivista,a qual entendia ser o estabelecimento dos fatos o principal objetivo da História. Cf.NAVEIRA,op.cit.,p.2.
[5] O Sociólogo durkheimiano Simiand, antes mesmo da História-problema dos Annales, já via a problematização e formulaçãode hipóteses como uma característica fundamental das Ciências Sociais. Cf.NAVEIRA,op.cit.,p.3.
[6] Marc Bloch detinha conhecimento de dois importantes antropólogos do passado: James Frazer e Lucien Levy-Bruhl, os quais mesmo sendo ultrapassados ainda são importantes para a história da antropologia,ao menos. Cf. NAVEIRA,op.cit.,p.7.
[7] Sobre a reflexão teórico-metodológica dos Annales a respeito do papel da interdisciplinaridade em História, assinalou Naveira: “Preocupa-se em tirar a história de seu isolamento disciplinar, de forma que as formas de pensar em História,estejam abertas as problemáticas e a metodologias existentes em outras ciências sociais,no que costumamos denominar de interdisciplinaridade.” Em sua pesquisa sobre os reis taumaturgos, Marc Bloch se utilizou de contribuições da psicologia coletiva,biologia,etnografia comparada,medicina popular e do folclore.Cf. NAVEIRA,op.cit.,p.2;7.
[8] NAVEIRA,op.cit.,p.5: “Para os Annales,diferente da interpretação marxista,a economia não desempenha um papel determinante no conjunto dos funcionamentos sociais. Sendo estas as principais críticas de Bloch e de Fébvre à percepção marxista. Os Annales defendem que a tarefa das ciências humanas é explicar o social complexificando-o e não simplificando através de abstrações.”
[9] A partir da década de trinta, e por mais de uma geração, a história se tornou o maior centro de atenção entre as Ciências Sociais. Na verdade, tornou-se uma disciplina social mais prestigioso do que a sociologia e a antropologia, entre as duas Grandes Guerras Mundiais, especialemente na França. Com a Escola dos Annales, a história tomou o social por objeto de estudo e não mais apenas o Político.Cf. NAVEIRA,op.cit.,p.3.

Antropologia Urbana?

Antropologia Urbana


D.F.IZIDRO 

O texto que segue trata-se de um “resumo” com recortes que fiz de passagens importantes do pensamento de Gilberto Velho sobre Antropologia Urbana, em um artigo intitulado Antropologia Urbana: Encontro de Tradições e Novas Perspectivas.


Antropologia Urbana: Por um novo e vasto olhar antropológico


A antropologia urbana é, inevitavelmente, inter e multidisciplinar. Tal diálogo e a comunicação entre diferentes disciplinas e linhas de pesquisa tem sido bastante valorizado hoje.

Contudo, foi não apenas isso, mas também o fato da própria complexidade da cidade moderno-contemporânea, particularmente das grandes metrópoles, que levou ao interesse e desenvolvimento dessa área de pesquisa.

Foi a partir da segunda metade do século XIX que pensadores de diferentes orientações passaram a se dedicar, de forma sistemática, à reflexão e pesquisa sobre o meio urbano. Tal interesse pelo urbano e/ou pela cidade se deu em paralelo ao desenvolvimento da própria antropologia como um todo que, inicialmente, voltava-se apenas para o estudo do mais distante e do aparentemente exótico e remoto.

Ademais, tal interesse pelo urbano e suas variedades se deu na Escola de Chicago, entre 1892 e 1929, no departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade de Chicago, cujos expoentes William Thomas e Robert Park demonstraram bastante interesse pelas sociedades tribais e tradicionais, buscando identificar e compreender as diferenças socioculturais dentro das grandes cidades em acelerado crescimento, as quais consideravam tão importantes de serem estudadas como as diferenças entre sociedades e culturas aparentemente mais distantes e exóticas.

Os interesses e trabalhos da Escola de Chicago eram muito diversificados, portanto, sendo impossível colocá-los em um compartimento estanque. A Escola de Chicago não tinha uma unidade doutrinária, sendo constituída por uma rede de profissionais com tipos e graus diferentes de ligação com o interacionismo, o pragmatismo, a fenomenologia, a ecologia e o marxismo. Era o interesse pela pesquisa dos mais variados tipos com destaque para o trabalho de campo e observação participante que os unia. Essa variedade de objetos, contudo, eram selecionados no meio urbano, especialmente de Chicago,seu laboratório urbano por excelência,embora tenha se estendido também por todo Estados Unidos e outras partes do mundo.

Eis alguns dos temas estudados: relações raciais, ecologia urbana, carreiras e profissões, grupos desviantes, arte, minorias étnicas, processos de socialização, instituições totais, imprensa, comunicação de massas, bairros, educação, etc.
Tal heterogeneidade de objetos estimulou o desenvolvimento de várias linhas de investigação, com diferentes modos de olhar e de perceber a realidade de modo que, assim, buscavam e descobriam também novos temas e questões, em um processo de produção científica exemplar.

A forte influência de G.Simmel nessa Escola e nesses estudos é indubitável,não apenas nos estudos da sociedade,mas também da realidade em geral,pois para ele nada era insignificante e secundário. Escreveu sobre dinheiro e mercado, individualismo, conflito, sociabilidade, música, prostituição, aventura e aventureiros, culturas subjetiva e objetiva, grupos e redes, cultura feminina, formas sociais, ponte e porta, destino, rosto, paisagem, alimentação, estética, arte em geral. Sua abertura intelectual e interesses eram supradisciplinar.

A complexidade, dimensão e heterogeneidade dos grandes centros urbanos moderno-contemporâneos introduzem novas dimensões na experiência e comportamento humanos, algo mais fortemente evidenciado a partir da Revolução Industrial, com os grandes deslocamentos populacionais, migrações e profundas transformações na estrutura e na divisão social do trabalho, com fortes conseqüências para a produção em geral. Tudo isso, contudo, não se deu somente no nível específico do trabalho, mas, de modo mais amplo, no que toca à aparição e multiplicação de novos papéis e domínios sociais. Torna-se, assim, importante a análise que focaliza o multipertencimento como fenômeno que evidencia o trânsito não só entre diferentes correntes, mas entre distintos domínios e níveis da realidade.

No campo das ciências sociais, desde Simmel, pelo menos, se fala de indivíduo como categoria básica constitutiva, através da interação, da vida social. Surge, então,a a pergunta e/ou dúvida sobre a possibilidade ou não de uma consistência identitária individual e âncoras identitárias algo que depende de uma compreensão melhor das diferentes naturezas da interação,das redes sociais,do trânsito entre universos simbólicos e culturais,das noções de províncias de significado e de mundos,das redes de significado de Clifford.Geertz, das correntes de tradição cultural de F.Barth, dos multipertencimentos e do potencial de metamorfose de indivíduos vivendo e agindo em campos de possibilidade socioculturais.

A produção da antropologia urbana tem contribuído de modo significativo nessa direção e poderá se beneficiar bem mais ainda, aprofundando e ampliando suas pesquisas e reflexões.

Sobre o Dr.Gilberto Cardoso Alves Velho

Nascido no Rio de Janeiro, 1945; antropólogo brasileiro.Graduado em Ciências Sociais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1968). Mestre em Antropologia Social também pela UFRJ (1970). Especializou-se em Antropologia Urbana e das Sociedades Complexas na Universidade do Texas, em Austin (1971). Doutor em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo (1975).
Atua nas áreas de Antropologia Urbana, Antropologia das Sociedades Complexas e Teoria Antropológica. Além de vários cargos acadêmicos, como coordenador do PPGAS do Museu Nacional e chefe de Departamento de Antropologia, foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia - ABA (1982-84), presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais - ANPOCS (1994-96) e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1991-93).
Foi membro do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1983-93), tendo sido relator do primeiro tombamento de terreiro de candomblé realizado no Brasil - Casa Branca, em Salvador. Foi também membro do Conselho Federal de Cultura (1987-88).
Desde 2000, é membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2000) e com a Comenda da Ordem de Rio Branco (1999). Tem sido colaborador e professor visitante de várias universidades brasileiras e estrangeiras.
Até o presente, orientou 61 dissertações de mestrado e 29 teses de doutorado.
Atualmente é professor titular e decano do Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ.

 

Teoria Antropológica

Definição Antropológica de Cultura


D.F.Izidro

        
Logo que entramos em contato com a bibliografia especializada em antropologia cultural e os estudos da cultura, constatamos o quanto a conceituação de cultura é por demais abrangente e complexa, resultando sempre em novas formas de defini-la e abordá-la. As primeiras tentativas de se definir cultura remontam ao século XVI e hoje contam entre centenas de propostas. Assim, seguimos com outras definições desse constructo humano fundamental à vida social.

Para alguns, cultura é comportamento aprendido; para outros, não é comportamento, mas abstração do comportamento; e para um terceiro grupo, a cultura consiste em idéias. Há os que consideram como cultura apenas os objetos imateriais, enquanto que outros, ao contrário, aquilo que se refere ao material. Mas também encontram-se estudiosos que entendem por cultura tanto as coisas materiais como não-materiais. (MARCONI,1992,42 apud JÚNIOR;POYER, 2008,67)

Como um instrumento de interpretação da vida social, Cultura pode ser vista como a maneira de viver total de um grupo, sociedade país ou pessoa. Ou ainda, Cultura é um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo: pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas. (JÚNIOR; POYER. 2008,73)

O conceito de cultura nos permite compreender que o comportamento humano não pode ser reduzido a critérios biológicos, pois é algo adquirido por meio do processo de aprendizagem, imposto ao indivíduo desde a primeira infância. (RIBEIRO; OLIVEIRA, 2010,11).

Paul Hiebert define com abrangência e profundidade cultura como

[...] os sistemas mais ou menos integrados de idéias, sentimentos, valores e seus padrões associados de comportamento e produtos, compartilhados por um grupo de pessoas que organiza e regulamenta o que pensa, sente e faz. (apud LIDÓRIO,2009,6).

O conceito de cultura que eu defendo, e cuja utilidade os ensaios abaixo tentam demonstrar, é essencialmente semiótico. Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise (GEERTZ,1978,15).

LARAIA resume a contribuição do antropólogo americano Alfred Kroeber (1876-1960) ao conceito de cultura, como segue:
1.     A cultura, mais do que a herança genética, determina o comportamento do homem e justifica as suas realiza­ções.
2.     O homem age de acordo com os seus padrões cultu­rais. Os seus instintos foram parcialmente anulados pelo longo processo evolutivo por que passou. (Voltare­mos a este ponto mais adiante.)
3.     A cultura é o meio de adaptação aos diferentes am­bientes ecológicos. Em vez de modificar para isto o seu aparato biológico, o homem modifica o seu equipamen­to superorgânico.
4. Em decorrência da afirmação anterior, o homem foi capaz de romper as barreiras das diferenças ambientais e transformar toda a terra em seu hábitat.
5.       Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado do que a agir através de atitudes geneticamente determinadas. Como já era do conhecimento da humanidade, desde o Iluminismo, é este processo de aprendizagem (socialização ou endoculturação, não importa o termo) que determina o seu comportamento e a sua capacidade artística ou profissional.
6.       A cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores. Este processo limita ou estimula a ação criativa do indivíduo.
7.       Os gênios são indivíduos altamente inteligentes que têm a oportunidade de utilizar o conhecimento existen­te ao seu dispor, construído pelos participantes vivos e mortos de seu sistema cultural, e criar um novo objeto ou uma nova técnica. Nesta classificação podem ser incluídos os indivíduos que fizeram as primeiras inven­ções, tais como o primeiro homem que produziu o fogo através do atrito da madeira seca; ou o primeiro homem que fabricou a primeira máquina capaz de ampliar a força muscular, o arco e a flecha etc. São eles gênios da mesma grandeza de Santos Dumont e Einstein. Sem as suas primeiras invenções ou descobertas, hoje conside­radas modestas, não teriam ocorrido as demais. E pior do que isto, talvez nem mesmo a espécie humana teria chegado ao que é hoje. (LARAIA,2001,27-28)

BIBLIOGRAFIA

GEERTZ,Clifford.A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora,1978.
LARAIA,Roque de Barros.Cultura:um conceito antropológico.14. ed.Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editora.,2001.
LIDÓRIO,R.Conceituando a Antropologia. Revista Antropos – Volume 3,Ano 2, Dezembro de 2009.ISSN 1982-1050.
RIBEIRO,Alessandra Stremel Pesce;OLIVEIRA,Marcus Roberto de.Antropologia Cultural.Curitiba:Editora Fael,2010.
JÚNIOR,Antônio Manoel Elíbio;POYER,Viviane.Antropologia Cultural.2. ed.rev.e atual.Palhoça:UnisulVirtual,2008.



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Judaísmo Antigo e o Novo Testamento II

OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO

 

E O NOVO TESTAMENTO[1]



Paralelismos Lingüísticos


  Prof.D.F.Izidro




As descobertas do Mar Morto em 1947, sem dúvida trouxeram grande contribuição para a área da compreensão bíblica e semítica. Os manuscritos encontrados na região de Qumrân trouxeram novas luzes sobre muitos assuntos relacionados ao judaísmo e a própria bíblia sagrada. Com respeito à bíblia, em especial, o Novo Testamento, nenhum manuscrito de qualquer um dos 27 livros do Novo Testamento foi encontrado em Qumrân[2], todavia, as semelhanças e parecenças lingüísticas e/ou textuais dos escritos de Qumrân com o texto do Novo Testamento são inegáveis. É fácil perceber o paralelismo lingüístico dos escritos de Qumrân com o Novo Testamento. O ensino do Novo Testamento, contudo, e a prática da igreja primitiva conservam, não obstante, sua distinção e peculiaridade em relação aos Manuscritos de Qumrân., embora sua fraseologia seja semelhante a usada nos manuscritos do mar morto. Alistaremos a seguir, baseados em algumas fontes, alguns exemplos dessa semelhança fraseológica e lingüística entre os manuscritos do mar morto e o Novo Testamento.

A -

·        Citação Neotestamentária: “Jesus lhes disse: por pouco tempo a luz está entre vós.Caminhai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apreendam; quem caminha nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz, para vos tornardes filhos da luz.” Jo.12:35,36

·        Paralelo Qumraniano: “Na morada da luz..nas mãos do Príncipe das luzes está a dominação de todos os filhos da justiça – eles caminham nas vias da luz – e nas mãos do Anjo das trevas está a dominação dos filhos da perversidade – e eles caminham nas vias das trevas. E é por causa do Anjo das trevas que se dividem os filhos da justiça.. e todos os espíritos de sua parcela tentam fazer cambaliar os filhos da luz, mas o Deus de Israel e o seu Anjo de verdade ajudam todos os filhos da luz.” Regras da Comunidade III.19-25
B -
·        Citação Neotestamentária:“..é bom que saibais que nenhum fornicário ou impuro ou avarento... tem herança no reino de Cristo e de Deus..”Ef.5:5

·        Paralelo Qumraniano: “..tu purificaste o espírito perverso de grande pecado, para que se mantenha em vigilância com o exército dos santos e entre em comunhão com a Assembléia dos Filhos do Céu.”Regra dos Filhos da Luz III.21-22

C
·        Citação Neotestamentária: “Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: o tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.”Mc.1:14,15

·        Paralelo Qumraniano: “segundo a tua verdade possa ele ser o proclamador de boas novas no tempo de tua bondade, para pregar boas novas aos humildes, conforme a abundância de tua misericórdia.” 1QH 18.14 (Hinos de Ação de Graças)

D –
·        Citação Neotestamentária: “..qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela.”Mt.5:28

·        Paralelo Qumraniano: “não mais andem na teimosia de um coração pecaminoso, nem com olhos de fornicação, cometendo toda espécie de mal”1QS 1.6-7 (A Regra da Comunidade)

E
·        Citação Neotestamentária: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus. Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.”Rm.3:23,24

·        Paralelo Qumraniano: “desde o seio materno, o homem tem pecado; cai em transgressão até à velhice. E eu sei que não é peculiar ao homem a justiça, nem aos filhos dos homens, a perfeição de conduta; é ao Altíssimo Deus que pertencem todas as obras de justiça”1QH 4.30-31 (Hinos de Ação de Graças)

F –
·        Citação Neotestamentária: “temos este tesouro em vaso de barro”.IICo.4:7

·        Paralelo Qumraniano: “eu te agradeço, Senhor, de ter feito maravilhas com o pó; com o vaso de argila tu obraste poderosamente”1QH 11.3 (Hinos de Ação de Graças)

G –
·        Citação Neotestamentária: “Deus nos escolheu para.. participar da herança dos santos” Cl.1.12

·        Paralelo Qumraniano: “Deus lhe deu uma herança na parte dos santos”1QS11.7 (A Regra da Comunidade)

H –
·        Citação Neotestamentária: “quando, porém, se completarem os mil anos, satanás será solto da sua prisão.”Ap.20:7

·        Paralelo Qumraniano: “em todos aqueles anos, Belial será solto contra Israel.”DD 4.12,13 (Documento de Damasco)




[1] Bibliografia: Akil, Teresa Cristina. Manuscritos do mar morto; Orrú, Geruásio, F.Os manuscritos de qumran e o novo testamento. Vida Nova: 1993;Stella, Jorge Bertolaso. Os manuscritos do mar morto. Imprensa Metodista: 1972.
[2]  Afirmo isso a despeito da reivindicação de um papirólogo chamado José O’Calaham que,em 1972,afirmara que o fragmento de papiro 7Q5, encontrado em Qumran,era do Evangelho de Marcos,datando de 50 d.C.,além de outras supostas identificações de fragmentos de textos neotestamentários em Qumran. A tese de O’Calaham, no entanto,não recebeu o apóio geral da comunidade acadêmica de papirólogos e estudiosos dos Manuscritos de Qumran.