segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Teoria Antropológica

Definição Antropológica de Cultura


D.F.Izidro

        
Logo que entramos em contato com a bibliografia especializada em antropologia cultural e os estudos da cultura, constatamos o quanto a conceituação de cultura é por demais abrangente e complexa, resultando sempre em novas formas de defini-la e abordá-la. As primeiras tentativas de se definir cultura remontam ao século XVI e hoje contam entre centenas de propostas. Assim, seguimos com outras definições desse constructo humano fundamental à vida social.

Para alguns, cultura é comportamento aprendido; para outros, não é comportamento, mas abstração do comportamento; e para um terceiro grupo, a cultura consiste em idéias. Há os que consideram como cultura apenas os objetos imateriais, enquanto que outros, ao contrário, aquilo que se refere ao material. Mas também encontram-se estudiosos que entendem por cultura tanto as coisas materiais como não-materiais. (MARCONI,1992,42 apud JÚNIOR;POYER, 2008,67)

Como um instrumento de interpretação da vida social, Cultura pode ser vista como a maneira de viver total de um grupo, sociedade país ou pessoa. Ou ainda, Cultura é um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo: pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas. (JÚNIOR; POYER. 2008,73)

O conceito de cultura nos permite compreender que o comportamento humano não pode ser reduzido a critérios biológicos, pois é algo adquirido por meio do processo de aprendizagem, imposto ao indivíduo desde a primeira infância. (RIBEIRO; OLIVEIRA, 2010,11).

Paul Hiebert define com abrangência e profundidade cultura como

[...] os sistemas mais ou menos integrados de idéias, sentimentos, valores e seus padrões associados de comportamento e produtos, compartilhados por um grupo de pessoas que organiza e regulamenta o que pensa, sente e faz. (apud LIDÓRIO,2009,6).

O conceito de cultura que eu defendo, e cuja utilidade os ensaios abaixo tentam demonstrar, é essencialmente semiótico. Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise (GEERTZ,1978,15).

LARAIA resume a contribuição do antropólogo americano Alfred Kroeber (1876-1960) ao conceito de cultura, como segue:
1.     A cultura, mais do que a herança genética, determina o comportamento do homem e justifica as suas realiza­ções.
2.     O homem age de acordo com os seus padrões cultu­rais. Os seus instintos foram parcialmente anulados pelo longo processo evolutivo por que passou. (Voltare­mos a este ponto mais adiante.)
3.     A cultura é o meio de adaptação aos diferentes am­bientes ecológicos. Em vez de modificar para isto o seu aparato biológico, o homem modifica o seu equipamen­to superorgânico.
4. Em decorrência da afirmação anterior, o homem foi capaz de romper as barreiras das diferenças ambientais e transformar toda a terra em seu hábitat.
5.       Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado do que a agir através de atitudes geneticamente determinadas. Como já era do conhecimento da humanidade, desde o Iluminismo, é este processo de aprendizagem (socialização ou endoculturação, não importa o termo) que determina o seu comportamento e a sua capacidade artística ou profissional.
6.       A cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores. Este processo limita ou estimula a ação criativa do indivíduo.
7.       Os gênios são indivíduos altamente inteligentes que têm a oportunidade de utilizar o conhecimento existen­te ao seu dispor, construído pelos participantes vivos e mortos de seu sistema cultural, e criar um novo objeto ou uma nova técnica. Nesta classificação podem ser incluídos os indivíduos que fizeram as primeiras inven­ções, tais como o primeiro homem que produziu o fogo através do atrito da madeira seca; ou o primeiro homem que fabricou a primeira máquina capaz de ampliar a força muscular, o arco e a flecha etc. São eles gênios da mesma grandeza de Santos Dumont e Einstein. Sem as suas primeiras invenções ou descobertas, hoje conside­radas modestas, não teriam ocorrido as demais. E pior do que isto, talvez nem mesmo a espécie humana teria chegado ao que é hoje. (LARAIA,2001,27-28)

BIBLIOGRAFIA

GEERTZ,Clifford.A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora,1978.
LARAIA,Roque de Barros.Cultura:um conceito antropológico.14. ed.Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editora.,2001.
LIDÓRIO,R.Conceituando a Antropologia. Revista Antropos – Volume 3,Ano 2, Dezembro de 2009.ISSN 1982-1050.
RIBEIRO,Alessandra Stremel Pesce;OLIVEIRA,Marcus Roberto de.Antropologia Cultural.Curitiba:Editora Fael,2010.
JÚNIOR,Antônio Manoel Elíbio;POYER,Viviane.Antropologia Cultural.2. ed.rev.e atual.Palhoça:UnisulVirtual,2008.



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